"Abençoado seja o Humano que busca Deus à sua própria maneira, ainda que eles estejam em algum prédio, entoando canções ou cultivando doutrinas, que podem ser fabricadas pelo homem.
Na realidade, eles empregam todo o seu coração e a sua compaixão, na busca de Deus.
Que eles não sejam julgados por seus irmãos e irmãs, por este motivo, pois são igualmente amados por Deus."

sábado, 28 de maio de 2011

A História de Michael Thomas e os Sete Anjos II

CAPÍTULO II

A Visão


Mike acordou num lugar desconhecido. Então, com um clarão na memória, lembrou-se de tudo. Vagandoao acaso, os seus olhos, descobriram que não estava no seu apartamento, nem sequer num hospital da cidade.
Tudo estava calmo. De facto, o silêncio era tão constrangedor que começava a ficar nervoso. Não ouvia nenhum outro som excepto o da sua própria respiração! Nenhum carro passava na rua, nenhum barulhode ar condicionado – nada, nada! Mike soergueu-se e conseguiu recostar-se na cama.
Olhou para baixo, e reparou que estava deitado numa estranha cama, pequena como uma marquesa. Não tinha pijama, e vestia exactamente a mesma roupa do dia em que fora atacado. Levantou a mão e tocou no pescoço. O seu último pensamento, enquanto ainda estava consciente, fora de que estava partido, mas, para seu alívio, não detectou nenhum sinal de fractura. Mike, na verdade, sentia-se muito bem! Apalpou-se em diversos lugares, e o mais estranho é que não tinha nenhum ferimento ou inchaço no corpo. Mas… aquele silêncio!
Estava a ficar louco por não ouvir qualquer estímulo para os seus ouvidos. A luz era estranha, também.
Parecia vir de lugar nenhum e de todos, ao mesmo tempo. Era de um branco brilhante – um branco
tão vazio de cores que feria os olhos. Então, decidiu examinar melhor o lugar onde estava.
Era assombroso. Não estava num quarto – e não estava ao ar livre! Só havia ele, a cama e o chão branco, que se estendia até onde podia ver. Deitou-se novamente. Sabia o que acontecera: estava morto. Não era preciso ser um cientista para reconhecer que o que estava a ver a e sentir não correspondia ao mundo verdadeiro.
Mas… por que ainda conservava o corpo?... Mike decidiu tentar algo absurdo. Beliscou-se para ver se sentia dor, e contraiu-se proferindo um forte Ai!
- Como te sentes, Mike? - perguntou uma calma voz masculina.
Mike imediatamente olhou na direcção da voz e viu uma figura da qual não se esqueceria para o resto da sua vida. Sentiu uma presença angélica, uma sensação de grande amor.
Mike sempre se perguntava primeiro o que SENTIA, e só depois o que VIA. Realmente, tinha o hábito de
descrever as suas experiências desta maneira quando era questionado, e, naquele momento, viu uma figura de branco, ameaçadora e esplendorosa ao mesmo tempo. Perguntou: «São asas, isso que estou a ver? Que banal!»… E sorriu para visão que tinha à sua frente, achando difícil de acreditar que era real.
- Estou morto? - perguntou estoicamente, mas com respeito, ao ser que estava na sua frente.
- De modo algum. - disse a figura, aproximando-se. «Isto é apenas um sonho, Michael Thomas.» A aparição aproximou-se ainda mais, aparentemente sem andar. Mike viu uma face velada, desfocada do «homem» em frente à sua cama, mas, de alguma forma, sentiu-se a salvo, seguro e protegido. Tudo o que podia fazer era continuar a conversa. Era uma sensação óptima!
A figura estava vestida de branco, mas não se podia dizer que usava roupa. A vestimenta parecia estar viva e movia-se com a figura, como se fosse a sua pele. A face era indefinida. Mike não conseguia ver nenhuma prega, botão ou vinco, onde a roupa acabava e a pele começava, apesar dessa estranha vestimenta não ser apertada. Parecia uma renda flutuando e, por vezes, parecia brilhar de forma vaga e indistinta. Além disso, aos olhos de Mike, essa veste branca parecia misturar-se com a incrível brancura que o cercava. Era difícil ver onde acabava a figura angélica e começava o cenário dos acontecimentos.
- Onde estou eu?... Parece uma coisa idiota, mas acho que tenho o direito de fazer esta pergunta, - disse
Mike em voz baixa.
- Estas num local sagrado. Um local que tu mesmo construíste, e está repleto de amor. É exactamente isso
que estás a sentir agora. - A angélica figura inclinou-se para Mike e pareceu emitir ainda mais luz.
- E tu, quem és...? - perguntou Mike respeitosamente, apenas com um fio de voz.
- Provavelmente adivinhaste. Eu sou um anjo.
Mike nem pestanejou. Sabia que aquela visão estava a dizer a verdade. A situação, apesar de estranha, era extremamente real. Mike percebeu tudo claramente.
- Os anjos são do sexo masculino?
Mike arrependeu-se imediatamente de ter feito a pergunta assim que a formulou. Que parvoíces lhe dava para perguntar! Era, obviamente, um dia muito especial. Se era um sonho, era tão real como jamais experimentara.
- Eu sou apenas o que tu desejas ver, Michael Thomas. Não sou uma forma humana. O que estás ver é apresentado desta forma para que te sintas confortável. Mas, não – os anjos não são do sexo masculino. Na verdade não temos sexo. E também não temos asas.
Mike sorriu novamente, pensando que o que estava a ver talvez fosse um produto da sua imaginação.
- Que aspecto tens realmente? - perguntou Mike, que começava a sentir-se com mais liberdade para conversar normalmente com esta criatura amorosa. - E porque é que o teu rosto está velado? - Esta era uma pergunta válida, dentro das circunstâncias.
- A minha forma iria surpreender-te. Além disso, sentirias uma estranha lembrança ao vê-la, pois também é a forma com que te pareces, quando não estás na Terra. Esta forma está além de qualquer descrição. Portanto, continuarei assim, por agora. Quanto ao meu rosto, vê-lo-ás em breve.
- Quando não estou na Terra?
- A experiência na Terra é temporária, mas tu já sabes isso, não? Eu sei quem tu és, Michael Thomas. És um ser espiritual que compreende a natureza eterna dos Seres Humanos. Já agradeceste uma infinidade de vezes por possuíres uma natureza espiritual, e aqueles que estão ao meu lado ouviram cada uma das tuas palavras.
Mike ficou em silêncio. Sim, ele tinha rezado nas igrejas e em casa, mas pensar que fora ouvido claramente era difícil de acreditar. Esta entidade no seu sonho conhecia-o?
- De onde vens? - perguntou.
- De Casa.
A entidade amorosa, agora, parecia estar a brilhar directamente em frente da pequena cama de Mike. A figura inclinou a cabeça de lado – e esperou pacientemente enquanto Mike assimilava tudo aquilo. Mike sentiu um arrepio subir e descer pela coluna vertebral. Um forte sentimento dizia-lhe que estava perante uma grande verdade e que um jorro de conhecimento lhe seria dado, se o pedisse.
- Tens razão! - respondeu o anjo aos pensamentos de Mike. - O que fizeres agora irá mudar o teu futuro.
Sabes que é assim, não é verdade?
- Consegues ler meus pensamentos? - perguntou Mike timidamente.
- Não. Podemos senti-los. O teu coração está ligado a todos, como sabes, e nós respondemos quando tu precisas de nós.
A situação estava a ficar cada vez mais misteriosa.
- Falas no plural. Mas eu só te vejo a ti.
O anjo riu-se abertamente… e o som era espectacular. Que energia tinha aquele riso! Mike sentiu cada célula do seu corpo ressoar com o humor que o anjo expressava. Tudo que o anjo fazia era novo, maior do que a vida e, de alguma forma, trazia uma lembrança que estava fundo no subconsciente de Michael. Estava atordoado com aquela vibração, mas nada disse.
- Eu falo contigo com a voz de um, mas represento as vozes de muitos. - declarou o anjo, enquanto levantava os braços, deixando a sua estranha veste flutuar e ondular com o movimento. - Há muitos ao serviço de cada Ser Humano, Michael. Isto tornar-se-á óbvio para ti, caso faças essa escolha.
- É claro que faço essa escolha! – gritou Mike. Como poderia um convite como aquele ser ignorado?...
Mas logo se sentiu embaraçado, como se estivesse a agir como uma criança perante um artista de cinema.
Ficou em silêncio durante algum tempo e viu o anjo mover-se para cima e para baixo, como se estivesse em cima de um elevador hidráulico. Reflectiu novamente sobre se tudo aquilo poderia ser o resultado do seu desejo de perceber as coisas, por ter assistido a filmes, ido à igreja, ou contemplado grandes obras de arte.
Estava tudo em silêncio novamente – e que silêncio! O anjo, obviamente, não iria partilhar informações a menos que Mike começasse a fazer perguntas:
- Posso saber qual é a minha situação?... Isto é realmente um sonho?... Parece tão real.
O anjo aproximou-se e disse:
- O que é um sonho, Michael Thomas?... Um sonho é uma visita à tua mente biológica e espiritual, que te permite receber informações sobre o meu lado do véu – algumas vezes metaforicamente. Sabias disto?... Um sonho pode não ser igual à tua realidade, mas, na verdade… está mais perto da realidade de Deus, do que qualquer outra experiência que tenhas regularmente! Como te sentiste sempre que o teu pai e a tua mãe participaram nos teus sonhos?... Não parecia real?... Parecia… e era! Lembras-te da semana após o acidente,
quando eles te visitaram?... Tu, como resposta, choraste durante semanas. Era a realidade deles. As suas mensagens para ti eram reais. Eles continuam a partilhar amor contigo, Michael, porque, tal como tu, são eternos. Quanto às perguntas sobre a tua situação, por que pensas que estás a ter este sonho?... Este é o único propósito desta visita. É algo lícito, que ocorre no tempo certo.
Mike estava contente com a longa conversa com este maravilhoso ser, que lhe parecia cada vez mais familiar.
- Será que me sairei bem desta situação?... Acho que estou seriamente ferido e inconsciente. Talvez até esteja a morrer.
- Depende. - disse o anjo.
- Depende de quê?
- O que é que realmente queres, Michael? - perguntou o anjo amorosamente. - Diz-nos o que realmente desejas. Mas tem cuidado com o que vais dizer, pois a energia de Deus, geralmente, é literal. Além disso, nós sabemos o que tu sabes. Não podes enganar a tua própria natureza.
Michael desejava ser honesto na sua resposta. A situação cada vez era mais real. Lembrava-se realmente dos sonhos nítidos que tivera com os pais, logo após o acidente. Eles apareceram juntos, nas poucas vezes em que conseguira dormir naquela semana terrível, e tinham-no abraçado e amado. Disseram-lhe que era o tempo certo para partirem – qualquer que fosse o significado. Mike, de facto, não tinha aceite o que acontecera.
E disseram que os eventos que culminaram com as suas mortes tinham acontecido para que Michael recebesse um presente. Ele sempre se perguntara que tipo de presente seria… mas aquilo era apenas um sonho, ou não?... O anjo dissera que era real. A experiência parecia-lhe tão verdadeira que talvez as mensagens dos pais também o fossem… assim como o anjo. «Como é confuso», pensou com frustração! «O que desejo eu?» perguntou a si mesmo. Considerou a sua vida e todas as coisas que tinham acontecido no ano que passara. Sabia o que queria… mas achou que não seria correcto pedir.
- Michael, ocultar os desejos mais íntimos não confirma a tua magnificência - disse-lhe o anjo em tom de brincadeira.
- Que chatice! - Mike disse para si mesmo. - O anjo apercebeu-se novamente do que estou a pensar. Não há nada que eu possa esconder. - Então, indagou:
- Se já sabes o que quero, por que vieste perguntar-me?... E que história é essa de eu ser magnífico?
Pela primeira vez, o anjo mostrou algo diferente de um sorriso. Era um sentimento de honra e respeito!
- Tu não tens ideia do que e de quem és realmente, Michael Thomas, - disse o anjo com seriedade. E acrescentou: - Achas-me maravilhoso?... Pois deverias ver como tu és!... Algum dia verás. Quanto ao facto de saber os teus pensamentos e sentimentos, é claro que sei. Sou uma parte do apoio que recebes e, portanto, estou contigo de muitas maneiras. É uma honra para mim aparecer para ti, mas, desta vez, é a tua intenção que vai trazer as mudanças. Tens agora a oportunidade de me dizer, ou não, qual é o teu maior desejo como Ser Humano neste momento. A resposta deve vir do teu próprio coração e ser dita em voz alta, para que todos possam ouvir – até tu! O que fizeres a este respeito, representará uma enorme diferença para muitos outros seres.
Mike deixou aquelas palavras penetrarem dentro dele. Teria de dizer a sua verdade, mesmo que não fosse exactamente o que o anjo queria ouvir. Pensou por um momento, e disse:
- Eu quero ir para Casa! Estou cansado desta vida como Ser Humano!
Pronto! Dissera tudo. Queria ir-se embora, e acrescentou emocionado:
- Mas não quero evitar algo que seja importante no plano de Deus… A vida parece não ter sentido, mas aprendi que fui feito à imagem de Deus, com um propósito… portanto, o que posso fazer?
O anjo moveu-se para o lado da cama, para que Mike pudesse vê-lo melhor. Era espantosa, essa visão, esse sonho ou o que quer que fosse. Iria jurar que sentia o perfume de violetas – ou seriam lilases?.. Mas, porquê flores? O anjo naturalmente tinha um perfume! E era mais maravilhoso ainda quando se aproximava.
Michael sabia de que o anjo estava contente com o diálogo. Podia sentir isso, mesmo que não conseguisse visualizar nenhuma expressão no rosto angelical.
- Diz-me, Michael Thomas: É pura a tua intenção?... Queres realmente o que Deus quer?.... Desejas ir para Casa, mas também estás ciente de um plano maior – não queres desapontar-nos ou actuar de uma forma espiritualmente errada?
- Sim, - disse Mike. - É isso mesmo. Quero livrar-me dessa situação, mas receio que o meu desejo seja uma contradição… ou seja egoísta.
- E se eu te disser que podes conseguir ambas as coisas? - perguntou o anjo com um sorriso. - E se eu te
disser que o teu desejo de ir para Casa não é egoísta, mas natural, e não está em conflito com o desejo de honrares o teu propósito enquanto Ser Humano.
- Por favor, diz-me como posso fazer isto, - pediu Mike, excitado.
O anjo tinha visto o coração de Mike e agora honrava-o espiritualmente pela primeira vez.
- Michael Thomas de Intenção Pura, a fim de determinar se é isto que queres, devo fazer mais uma pergunta antes de continuar a falar sobre o assunto. - O anjo moveu-se ligeiramente para trás e concluiu:
- O que esperas ganhar indo para Casa?
Mike meditou fundo sobre isto. O seu silêncio teria sido incómodo durante uma conversa normal entre pessoas, mas o anjo entendeu perfeitamente, sabendo que esta era uma hora sagrada para a alma de Michael Thomas. Pela medida do tempo na Terra, Michael ficou parado durante dez minutos ou mais, mas o anjo não se moveu nem disse nada. Não teve nenhuma demonstração de impaciência ou cansaço. Mike começava a
perceber que essa entidade não tinha realmente a percepção do tempo, e que a impaciência dos
Seres Humanos se devia à sua realidade do tempo linear.
- Eu quero ser amado e estar perto do amor, - foi a resposta de Mike. - Quero sentir-me pacífico durante a minha existência. - E depois de uma pausa: Não quero estar sujeito às preocupações e interacções triviais daqueles que me cercam. Não quero preocupar-me com dinheiro. Quero sentir-me solto! Estou cansado de estar sozinho. Quero sentir-me importante para outras entidades no Universo. Quero saber que existo com algum propósito, e que a minha parte no céu – ou qualquer que seja o nome – possa ser correcta e apropriada ao plano de Deus. Não quero continuar a ser um Ser Humano como tenho sido.
Quero ser como tu! -
Fez outra pausa e acrescentou.
- É isto que «ir para Casa» significa para mim.
O anjo deslocou-se outra vez para os pés da cama e comentou:
- Então, Michael Thomas de Intenção Pura, irás ter aquilo por que tanto te empenhaste!
O anjo parecia estar ainda mais brilhante, como se isso fosse possível! Exibia uma incandescente luz branca, que, agora, começava a misturar-se com uma cor dourada.
- Mas deves seguir o caminho que está previsto e deves fazê-lo voluntariamente, com intenção e por escolha própria. Então serás recompensado com a viagem para Casa. Farás isso?
- Sim, farei, - respondeu Mike. E percebeu o início de um sentimento incrível, que somente poderia ser descrito como um banho de amor. O ar começou a ficar denso. O brilho do anjo começou a rodear a cama e os pés de Mike. Arrepios começaram a subir-lhe pela sua espinha e, involuntariamente, começou a tremer com uma vibração rápida, como nunca sentira antes. Era tão rápido que parecia um zumbido. Subiu pelo corpo até a cabeça. A sua visão começou a mudar, com flashes momentâneos de azul e violeta, fazendo grande contraste com o branco intenso que estivera a ver desde que tudo começara.
- O que está a acontecer? - perguntou Mike amedrontado.
- A intenção que manifestaste está a mudar a tua realidade.
- Não entendo - disse Mike aterrorizado.
- Eu sei, respondeu o anjo num tom compassivo. - Não tenhas medo da integração de Deus no teu ser. É uma fusão que requisitaste e que é lícita para a tua Jornada para Casa.
O anjo afastou-se da estreita cama de Mike, como se quisesse dar-lhe mais espaço.
- Não te vás embora, por favor! - exclamou um Mike, ainda assustado e amedrontado.
- Calma. Estou apenas a ajustar-me ao teu novo tamanho, - disse o anjo, divertido. - Partirei apenas quando tivermos acabado.
- Continuo sem compreender, mas não estou com medo, - mentiu Mike.
Novamente o anjo se riu e encheu o espaço com uma ressonância que surpreendeu Mike com a sua alegria e intensidade de amor. Mike viu que ali não havia espaço para segredos, pelo que continuou a falar. Tinha de saber que sensação era aquela. E o anjo voltou a rir-se.
- O que acontece quando ris? Se alguma forma, isso afecta-me internamente. É algo que nunca senti antes.
O anjo, encantado com a pergunta, respondeu:
- O que tu ouves e sentes é um atributo que é puramente da fonte de Deus, - disse o anjo. O humor é uma das únicas qualidades que passam imutáveis do nosso lado para o teu. Já pensaste que os Seres Humanos são as únicas entidades biológicas da Terra que podem rir? Podes acreditar que os animais riem, mas estão apenas a responder a estímulos. Vocês são os únicos seres que têm a chispa real da sabedoria espiritual que dá suporte a esta propriedade; os únicos seres que podem criar humor a partir de um pensamento abstracto ou de uma ideia. Portanto, a tua consciência é a chave. Acredita-me, o humor é sagrado, e é por este motivo que cura, Michael Thomas de Intenção Pura.
Esta era a explicação mais longa que o anjo já lhe dera até ao momento. Mike sentiu que poderia conseguir extrair mais algumas jóias de verdade, antes que aquele momento passasse. E tentou avidamente.
- Como te chamas?
- Eu não tenho nome.
E o silêncio regressou numa longa pausa. - Ops! - pensou Mike, voltamos às respostas curtas.
- Como és conhecido? - continuou a investigar.
- Eu SOU conhecido por todos, Michael Thomas – e porque SOU conhecido por todos, logo existo.
- Não entendo - respondeu Mike.
- Eu sei - disse o anjo sorrindo. Mas este riso era uma homenagem à inocência de Michael, numa situação onde não se esperava que pudesse saber mais sobre o assunto – tal como um pai consentiria que o filho lhe fizesse perguntas perspicazes sobre a vida. Havia amor em tudo que o anjo dizia ou fazia. Mike sabia que tinha de parar de pressionar e ir directamente ao centro da questão.
- De que caminho estás tu a falar, querido anjo? - Mike sentiu-se desconfortável por ter utilizado a palavra «querido», mas, de alguma forma, tal expressão cabia à personalidade que estava à sua frente. O anjo era paternal, fraterno e amigo, e, simultaneamente, ainda transmitia a sensação de ser um amante. Este era um sentimento que Mike não esqueceria tão cedo. Queria permanecer nesta energia, e temia o pensamento de que ela poderia chegar a um fim.
- Quando voltares para a tua realidade, Michael, prepara-te para empreender uma aventura de vários dias.
Quando estiveres pronto, o início do caminho ser-te-á mostrado. Serás convidado a viajar para as sete Casas
do Espírito, e em cada uma delas encontrarás uma entidade parecida comigo, cada uma com um propósito diferente. O caminho poderá ter surpresas e até perigo, mas poderás parar sempre que quiseres, e não haverá nenhum julgamento sobre isso. Vais transformar-te durante o caminho e aprenderás muitas coisas. Serás convidado a estudar os atributos de Deus. Se visitares todas as sete lugares, então a porta para o Casa ser-te-á mostrada. E, Michael Thomas de Intenção Pura - o anjo fez uma pausa e sorriu - haverá uma grande celebração quando abrires essa porta.
Mike não sabia o que dizer. Sentiu uma espécie de alívio, mas também um nervosismo sobre a viagem para o desconhecido. O que iria encontrar? Deveria percorrer o caminho? Talvez isto fosse apenas um sonho sem pés nem cabeça. O que era verdade, em tudo isto?
- O que tens à tua frente agora é real, Michael Thomas de Intenção Pura, - disse o anjo que novamente tinha lido as emoções de Mike. - Retornarás para uma realidade temporária, construída apenas para os Humanos fazerem a sua aprendizagem.
Bastava que Michael tivesse uma dúvida, e o anjo logo a esclarecia. Mais uma vez sentiu que, de alguma forma, estava a ser violentado por este novo meio de comunicação, embora, ao mesmo tempo, estivesse a ser dignificado! «Num sonho - pensou Mike - estás em contacto com a tua mente. Portando, não pode haver segredos de ti para ti mesmo.» Talvez por isso fosse correcto manter a conversa com esta entidade que sabia o que ele estava a pensar. Além disso, Mike estava a experimentar exactamente o que o anjo dissera.
Começava a sentir-se confortável nesta «realidade onírica», e não lhe apetecia nada voltar para nada menor do que isto.
- E agora? - perguntou Mike hesitantemente.
- Já manifestaste a tua intenção de percorrer o caminho. Então, agora, vais regressar para o teu estado de consciência humano. Entretanto, há que destacar alguns pontos: as coisas não serão sempre como parecem, Michael. À medida que fores progredindo, estarás mais perto da realidade que estás a experimentar agora comigo. Portanto, é provável que tenhas de desenvolver uma nova maneira de ser – talvez um pouco mais...
- O anjo fez uma pausa - mais no presente do que costumavas estar, enquanto te aproximas da porta da Casa.
Mike não entendeu o que o anjo estava a dizer mas, mesmo assim, ouviu atentamente.
O anjo continuou.
- Existe outra pergunta que devo fazer-te já, Michael Thomas de Intenção Pura.
- Estou pronto - respondeu Mike, sentindo-se pouco seguro de si, mas honestamente pronto para seguir em frente.
- Qual é a pergunta?
O anjo moveu-se para mais perto dos pés da cama e disse:
- Michael Thomas de Intenção Pura, amas Deus?
Mike estava perplexo com a pergunta. «É claro que amo», pensou. Porquê esta pergunta?... E respondeu:
Se podes ver o meu coração e conheces os meus sentimentos, deves saber que amo a Deus.
Fez-se um silêncio… e pareceu-lhe que o anjo estava satisfeito.
- Claro que sim!
Foi a última frase que Mike ouviu dos indistintos lábios desta maravilhosa criatura que, obviamente, o amava muito. O anjo chegou perto de Mike e moveu a sua mão de tal modo que atravessou a sua garganta.
Como conseguia ele fazer isto? Imediatamente sentiu como se centenas de pirilampos tivessem voado para o seu pescoço e estivessem a alterar a sua personalidade. Não sentiu qualquer dor, mas, subitamente, vomitou.

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